[Resenha] Princesa das Cinzas - Laura Sebastian

Theodosia era a herdeira do trono de Astrea quando seu reino foi invadido, deixando um rastro de destruição.Dez anos depois, a princesa, órfã, prisioneira e subjugada, percebe que não lhe resta mais nada, a não ser lutar pela própria liberdade.O passado, que por tanto tempo ficou enterrado, agora precisa vir à tona para mostrar a Theodosia os caminhos que poderão levá-la de volta ao trono.Mas Theo conseguirá ser a rainha de que seu povo precisa? Ou será que anos de humilhações transformaram a herdeira da Rainha do Fogo em meras cinzas?

Título: Princesa das Cinzas
Autora: Laura Sebastian
Editora: Arqueiro
Ano: 2018
Quantidade de páginas: 352

Avaliação (de 0 a 5): 5,0

Finalmente uma protagonista de fantasia que não surge badass/pronta pra batalha. A comparação com a Sansa, de Game of Thrones, é inevitável, mas Theodosia mostra que a vingança é um prato que se come frio e pode ser bem amargo. Teve gente que detestou a moça, mas vou logo dizer que me surpreendi com a personagem. Pelas outras resenhas, esperava que Theo fosse uma criaturinha indefesa o livro todo, mas não é assim.

Sobre o que é Princesa das Cinzas?


Os kalovaxianos invadiram Astrea, terra da magia e do reinado da mãe de Theodosia. Eles assassinaram e escravizaram os astreanos, subjugando seus costumes, cultura e História. Ao ficar órfã, a pequena Theo é mantida no palácio sob o nome de lady Thora. Ela ainda caminha entre a nobreza, mas com o título de Princesa das Cinzas (e com a própria coroa de cinzas) para que se lembre de que ela é inferior.

Suponho que seja fácil sentir-se à vontade em um mundo no qual você está por cima. É fácil não notar aqueles em cujas costas você pisa para se manter no alto. Eles não são nem vistos.
Página 212

Como se não bastasse, Thora/Theo leva chicotadas a cada vez que uma rebelião de seu povo surge, o que a deixa bem temerosa do que o Kaiser Corbinian pode fazer com ela. Para sobreviver e se manter sã, ela esconde sua frustração para soar inofensiva e sem personalidade. E assim ela vive até receber uma proposta de ser a líder de uma rebelião e poder se vingar de todos aqueles que mataram o seu povo.

O que eu achei do livro?


Eu esperava que Theo fosse uma personagem muito mais maçante, mas me surpreendi com ela. Claro que ela precisava fazer o jogo da corte para poder sobreviver todos aqueles anos ali! Ela é bem Sansa Stark e não uma Katniss Everdeen. Nem todas as personagens precisam nascer prontas para lutar porque na vida real não seria assim.

Imagine só como ficaria a cabeça de uma pessoa que foi humilhada e torturada tantas vezes que se esquece de sua própria personalidade? É totalmente compreensível que ela sinta medo e subserviência ao kaiser depois de anos sendo subjugada. Isso mexe com a sua cabeça! Mas o bacana de Princesa das Cinzas é que não demora muito para que ela desperte e comece a se tornar uma personagem mais fria e astuta, semelhante à Kelsea de A Rainha de Tearling.

Esse lado frio de Theo me surpreendeu muito. Claro que ela vai ficar balançada quando se trata de prejudicar as pessoas que ama, mas é muito compreensível também. Assim como a impaciência dos rebeldes para a indecisão dela. Todos ali agem como adolescentes traumatizados e confusos porque É O QUE ELES SÃO. Cansada de pegar um livro de fantasia e me deparar com jovens de 16 anos que são verdadeiros adultos em todas as suas decisões. A única coisa um tanto "boring" foi o triângulo amoroso.

Eu recomendaria Princesa das Cinzas?


Se você está esperando uma Katniss, não, eu não recomendo. Mas eu convido você a olhar para as personagens femininas como seres humanos e não apenas como exemplos rígidos de força e coragem o tempo inteiro. É ótimo ler sobre mocinhas que saem quebrando tudo depois de tantos anos de personagens submissas. Mas vale lembrar que o espectro das personalidades humanas não abrange somente esse tipo de comportamento e que as mulheres podem e devem ser representadas de tantas maneiras quanto os homens.

Alguma coisa em mim está despertando. Esta não é minha casa. Eu não sou o prêmio deles. Não estou satisfeita com a vida que eles tão generosamente pouparam. (...) Tenho de descobrir como poderei eu mesma me salvar.
Página 37

Então, temos Katnisses e Theodosias na vida real. Por que não em um livro de fantasia? Como personagem principal, Theo é capaz de manter o leitor percorrendo as próximas páginas para descobrir os desdobramentos dos seus nem tão brilhantes planos. É justamente essa incerteza do que pode acontecer (ao contrário de tantos exemplos nesse tipo de literatura) que me deixou ansiosa para saber o final da história.

Entre clichês e resoluções muito rápidas, Princesas das Cinzas me agradou muito e eu recomendaria para quem curte fantasia, Sansa Stark e histórias com personagens um pouquinho diferentes do usual.

1 comentários:

  1. Oi, deixando meu comentário aqui porque em poucas resenhas desse livro li alguém com uma opinião tão parecida com a minha. Pra mim a Theodosia foi a melhor coisa do livro e me entristece o fato de que a maioria dos leituras não dará uma chance para ela por puro preconceito. Como você bem pontuou, nem todas as protagonistas precisam nascer badass...
    Os traumas dela e dos outros personagens também são bem críveis e, principalmente, a forma como aqueles adolescentes agem diante daquela realidade. Realmente irrita adolescentes de 16 anos se comportando feito adultos sábios e experientes. Outra coisa que concordo é sobre o romance, pior parte do livro. Não consegui shippar a princesa com ninguém, dois personagens bem sem graça, teria sido melhor se não tivesse esse romance. Enfim, acho que personagens como Theodosia, que fogem da cartilha da heroína ideal atual, estão fazendo falta, ninguém nasce pronto...

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