Vox - Christina Dalcher

O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade.
Esse é só o começo...
Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.
...mas não é o fim.
Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.
"Uma recriação apavorante de O conto da Aia no presente e um alerta oportuno sobre o poder e a importância da linguagem." – Marta Bausells, ELLE

A primeira vez que ouvi falar sobre esse livro foi em um encontro de blogueiros que a editora Arqueiro organizou no dia da bienal do livro de São Paulo e eu fiquei completamente alucinada pra ler só de ouvir sobre essa história, e comecei a ler na primeira oportunidade que tive e foi simplesmente incrível...

O livro tem uma ideia sensacional e em tempos onde falamos tanto sobre o direito das mulheres, o empoderamento feminino, vem esse livro e joga uma bomba sobre tudo isso e foi o livro que mais mexeu comigo esse ano, houve dois momentos que tive que parar a leitura, tomar uma água, dar um tempo, porque me revoltava, me senti como a personagem, sem voz, acuada...

Bem, o livro se passa nos tempos atuais, nos Estados Unidos um novo presidente foi eleito, um movimento que se auto denomina OS PUROS tem trabalhado nos últimos 15 anos para que as mulheres voltem a ser submissas, mulheres do lar, esposas e mães gentis... ou pelo menos é isso que eles apregoam, na prática as mulheres foram proibidas de trabalhar, ler, escrever e até falar... há um ano foi instituído que todas as pessoas do sexo feminino, inclusive crianças, recebam um contador que permite que a usuária fale 100 palavras no dia, após isso ele dispara uma descarga elétrica, que vai aumentando até causar a morte.

Há um ano as casas norte americanas se tornaram prisões de milhares de mulheres que do dia para a noite perderam tudo, é necessária a permissão dos pais e maridos para as coisas mais básicas e corriqueiras, os passaportes foram cancelados, as fronteiras fechadas... e as mulheres são tratadas como seres inferiores...

Acompanhamos tudo isso do ponto de vista da Dra. Jean que é uma linguista bastante reconhecida em sua área, mas que agora tem que ser apenas dona de casa, mãe de quatro filhos, assiste impotente seu filho mais velho se tornar um novo militante dos PUROS, tratando a mãe como se ele , um adoldescente, fosse melhor do que ela, uma cientista... ela se ressente do marido, da sua maneira cautelosa de ser, por ele trabalhar no alto escalão do governo... se preocupa com a filha que ganhou um prêmio na escola por ser a menina que menos falou o dia todo...

Quando o irmão do presidente sofre um acidente, a pesquisa de Jean fica em evidência e eles precisam dela para curá-lo... oferecem a ela a liberdade de fala, mas só enquanto estiver trabalhando nesse caso e ela começa a desconfiar que há muito mais por trás de tudo isso e que as mulheres sofreram ainda mais restrições...

Certas partes do livro foram muito revoltantes, uma certa parte a personagem pensa: "Talvez tenha sido isso que aconteceu na Alemanha com os nazistas"  e essa frase é chocante porque a autora detalha como tudo aconteceu ao longo de vários anos e de como "elas" não enxergaram tudo o que estava por vir... e aí você pensa: "ah, mas isso é só ficção... e aí lembra que os judeus também não acreditavam que tamanho ódio contra eles pudesse existir, que eles também não enxergaram o que estava por vir".

O livro mexe demais com o leitor, faz a gente pensar, dá medo, revolta... mas você não precisa se preocupar, porque tudo é bem escrito e ao contrário da moda atual das trilogias e séries intermináveis, esse resolve tudo em um único volume... 

Apenas um ponto do livro me desagradou, Jean é uma mulher extraordinária, mas achei desnecessário o romance, teria gostado muito mais se eles tivessem passado por tudo como uma família unida... não foi algo que atrapalhou a leitura, mas deve incomodar outros leitores... 

Tirando esse pequeno ponto, o livro é espetacular, vale muito a pena ser lido, analisado, discutido... esse é o primeiro livro publicado da autora e acho que devemos ficar de olho nos seus futuros trabalhos.

1 comentários:

  1. Eu estou surtando pra ler esse livro. Surtando mesmo. A primeira vez que vi sobre ele, estava lendo O conto da Aia e fiquei maluca pra ler. Infelizmente ainda não consegui, mas pretendo ler muito em breve.

    Vidas em Preto e Branco

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