Diana Gabaldon - Outlander 01 - A viajante do tempo

Nossa, acabei de ler A Viajante do tempo, o primeiro livro da série, escrito brilhantemente por essa escritora que até pouco tempo atrás eu desconhecia.
Fiquei sabendo do livro através de um outro blog "Nossos Romances", fiquei interessada, mas ao mesmo tempo desconfiada, principalmente por se tratar de uma série de livros com os mesmos personagens.
E talvez essa minha desconfiança tenha me levado a achar o livro tedioso em alguns trechos, e fiz um acordo comigo mesma de que leria esse, mas que não leria o segundo... mas acho que a Diana também é uma bruxa, por que no começo achei o Jamie uma gracinha, mas era só isso... muito novo e inocente para o meu gosto... e ainda por cima ruivo?? Não, definitivamente achava que a Claire precisava de um personagem mais forte ao seu lado... mas conforme a trama foi se desenrolando, me vi apaixonada por esse escocês ruivo de cabeça dura, ora homem, ora menino...
Bem, li todo o livro em 3 dias... e mal vejo a hora de começar o segundo (coisa que pretendo começar ainda hoje, depois é claro, de cumprir com minhas obrigações de esposa dedicada, sim, aquela mesma que deixou o marido de lado por três dias para ler um romance ambientado na Escócia)...
Sinceramente, gostaria que esse livro (assim como outros que eu adoro) não chegue nas telonas... sim, sei que egoismo e coisa e tal... mas o que eu posso fazer?? Ainda prefiro minha imaginação...
Bem, mas voltando ao livro, a maior parte da história é ambientada na Escócia, Claire é uma jovem casada a oito anos que se vê separada do marido durante os longos anos da guerra, e após o término desta decidem fazer uma segunda lua-de-mel afim de se tornarem íntimos (por assim dizer) novamente, mas o que seria uma viagem romântica, passa a ser uma viagem solitária, pois Frank, marido de Claire, está meio que obcecado por descobrir informações sobre seus antepassados que habitaram aquela região.
Numa de suas expedições (sozinha), Claire vai a um círculo de pedra e acaba voltando no tempo cerca de 200 anos, então se vê perdida numa terra inóspita, com costume barbáros, disputas políticas e familiares tão complexas que demora-se a entender... em meio a tudo isso, Claire se vê obrigada a se casar com Jamie Fraser, um jovem corajoso, para escapar das garras de Randall (antepassado de Frank, seu marido).
Os dois passam por diversas coisas juntos, desde romance até quase morte...
Resta depois, saber que caminho Claire irá escolher... Frank ou Jamie... 1945 ou 1743...
Uma coisa é certa, essa não é uma história de amor, é uma história de vida e é por isso que no final você não vê a hora de começar o outro livro.
Trecho do Livro:
"Os rostos na primeira fila olhavam-no fixamente, numa espécie de bestificação horrorizada. Seu repentino silêncio afetou os que estavam mais Para trás e o ruído estrondoso da fervilhante turbulência arrefeceu. A voz de Jamie, normalmente baixa e suave, mesmo quando estava com raiva, retiniu no silêncio. Não havia nada de suave naquela voz agora.
- Cortem suas amarras!
Os que o perseguiam bateram em retirada e as ondas de populacho abriam-se diante dele à medida que avançava ameaçadoramente. O carrasco via-o se aproximar, paralisado e de boca aberta.
- Eu disse para tirá-la daí! Agora! - O carrasco, libertado do seu transe pela visão apocalíptica da morte ruiva abatendo-se sobre ele, remexeu-se e tateou apressadamente em busca de sua adaga. A corda, cortada com dificuldade, finalmente cedeu com um estalido trêmulo e meus braços caíram pesadamente, doendo com a tensão liberada. Cambaleei e teria caído, se a mão forte e familiar de Jamie não tivesse agarrado meu cotovelo e me erguido. Apoiei meu rosto no peito de Jamie e nada mais importava para mim.
Devo ter perdido a consciência por alguns instantes, ou devo ter me sentido tão dominada pelo alívio que assim me pareceu. O braço de Jamie segurava-me com força pela cintura, mantendo-me em pé, e seu xale fora jogado sobre os meus ombros, protegendo-me finalmente dos olhos dos aldeões. Havia um tumulto de vozes por toda parte, mas já não era a ânsia de sangue, ensandecida e jubilosa, da multidão.
A voz de Mutt — ou seria a de Jeff— despontou na confusão.
- Quem é você? Como ousa interferir nas investigações do tribunal?
Pude sentir, mais do que ver, a multidão acotovelando-se para a frente. Jamie era grande, e estava armado, mas era apenas um homem. Encolhi-me contra seu peito sob as dobras do xale. Seu braço direito apertou-me com mais força, mas a mão esquerda aproximou-se do porta-espada em seu quadril. A lâmina azul-prateada sibilou ameaçadoramente quando saiu parcialmente de sua bainha e os que estavam à frente da multidão pararam de repente.
Os juizes eram mais difíceis de intimidar. Espreitando do meu esconderijo, podia ver Jeff fitando Jamie furiosamente. Mutt parecia mais confuso do que contrariado com a repentina intrusão.
- Ousa puxar uma arma contra a justiça de Deus? — admoestou o juiz pequeno e troncudo.
Jamie retirou a espada por inteiro, com um lampejo de aço, em seguida atirou-a de ponta no chão, deixando o punho da espada tremendo com a força do golpe.
- Tiro a arma em defesa desta mulher e da verdade - disse. - Se alguém aqui for contra essas duas, responderão a mim e depois a Deus, nessa ordem.
O juiz piscou uma ou duas vezes, como se fosse incapaz de acreditar naquele comportamento, depois retomou o ataque.
- Você não tem lugar nos trabalhos deste tribunal, senhor! Exijo que entregue a prisioneira imediatamente. O seu próprio comportamento será tratado em breve!
Jamie examinou friamente os juizes. Podia sentir seu coração batendo com toda força sob meu rosto conforme me agarrava a ele, mas suas mãos estavam firmes como rochas, uma descansando no cabo da espada e a outra na adaga em seu cinto.
- Quanto a isso, senhor, fiz um juramento diante do altar de Deus de proteger esta mulher. Se o senhor está me dizendo que considera sua própria autoridade maior do que a de Deus Todo-poderoso, então devo informar-lhe que não compartilho dessa opinião.
O silêncio que se seguiu foi quebrado por risinhos contidos e nervosos, ecoando aqui e ali. Embora as simpatias do povo não tivessem mudado para o nosso lado, ainda assim a atmosfera que nos levava à desgraça fora quebrada.
Jamie me virou com a mão no meu ombro. Eu não podia suportar encarar a multidão, mas sabia que precisava. Mantive o queixo o mais alto possível e meus olhos focalizaram-se além daqueles rostos, em um pequeno barco no centro do lago. Fixei meus olhos nele até lacrimejarem.
Jamie virou o xale, segurando-o ao meu redor, mas deixando-o cair o suficiente para mostrar meu pescoço e meus ombros. Tocou o rosário negro e deixou-o balançando levemente de um lado para o outro.
- O azeviche queima a pele das bruxas, não é? - perguntou aos juizes. - Mais ainda, eu imaginaria, o crucifixo de Nosso Senhor. Mas, olhem. - Enfiou um dedo sob as contas e levantou o crucifixo. Minha pele por baixo era absolutamente branca, sem nenhuma marca, a não ser pelas manchas de sujeira do cativeiro. Ouviu-se uma arfada e um murmúrio da multidão."

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